A normalidade patológica, e a estranheza saudável.
Na minha faculdade, e na de muitas pessoas, aprendi o princípio da avaliação postural, basicamente, ver se o corpo está “reto” ou não.
Eu aprendi que isso era importante, pois tudo deveria estar alinhado, e quando tudo estivesse alinhado, a pessoa seria saudável, e quando não estivesse alinhado, seria o motivo de qualquer problema que ela tivesse, ou pior ainda, fosse chegar a ter.
Isso cria um grupo de profissionais que tratam tudo que veem de errado, mesmo aquilo que na verdade não era um erro, e sim uma característica.
Precisamos bater na tecla de que o conhecimento muda, evolui, e temos que fazer nossa parte de continuamente mudarmos quando errados.
Se alguém hoje em dia busca um atendimento e após ele sai pior, física ou emocionalmente, existe algo de errado nesse profissional, e não em você.
Essa visão de que o corpo não tem de ser esse alinhamento perfeito está sendo cada vez mais comprovada nas pesquisas científicas que apontam muitas vezes antigas visões como fracassos na prevenção de lesões.
Vemos por exemplo que existe mais de um tipo de pisada na corrida e pouca diferença entre os tipos na hora de se machucar, algo que eu mesmo mudei de opinião após pesquisas e mais pesquisas.
O próprio ideia de que o corpo deve ser simétrico vai contra o fato de que somos um povo de destros ou canhotos, apresentamos um lado mais forte e hábil, contra a ideia de equilíbrio, é impossível e até um atraso tentar equilibrar todos os pontos do corpo. Seu equilíbrio real vem de forças desparelhas.
A importância de entender isso serve para diminuir a preocupação excessiva com tentar ser normal, e simplesmente buscar ser saudável.
Mas então, se não existe nada de errado no meu corpo, porque não me sinto bem? A resposta mais simples é que está se mexendo pouco no final das contas.
Embora sim, existem alterações posturais que em exageros podem causar sintomas, e dores, a grande maioria das vezes temos dores por fazer muito pouco, e ficarmos parados por muito tempo.
Então se temos alguma dica é que antes que querer colocar o corpo inteiro numa régua, e alinhar, vai dar uma caminhada, fazer uma atividade física que gosta, e tente botar frequência, um corpo parado tem muito mais chance de ser um corpo doloroso.

Comentários.
MMKestener
Gozto muito dos seus textos e sua forma xe escrever e de abordar temas tao relevantes. Sou fisio e nos conhecemos no move or glue 1. Vc nao foi no segundo ne? Vai nesse de abril?
Osterkamp Fisioterapia
Oi, lembro de ti claro.
Gostei muito de ir no move or glue, e espero poder ir de novo o mais cedo possível, mas estou bastante envolvido em projetos aqui em Porto Alegre e fica difícil eu me organizar para tudo.