Se um tá bem, todos estão
Tem algo que precisamos falar, podem me acusar de comunista, mas saúde é coletivo.
Eu sei, eu sei, a sua vida tá difícil, eu entendo, a minha também.
É tanta correria, tanta obrigação, que mal dá tempo pra saber da gente, e dos que são próximos e queridos.
Mas isso tá errado, vivemos em sociedade, composta por partes diversas mas importantes.
O que diabos isso tem a ver com a minha própria saúde?
Como eu sempre gosto de dizer: vamos lá para o início.
O humano caçador que vivia feliz e saudável vivia em bando.
Amigos, parentes, todos um pequeno grupo coeso, caçavam juntos, corriam juntos, viviam juntos.
A saúde do bando era também a saúde individual, então quando um estava doente, todos sofriam, e todos ficavam doentes juntos.
Vivemos num tempo moderno, de individualidades, mas hoje, cada um de nós é dependente de um número de pessoas bem maior do que no passado.
Toda a comida, conforto, roupa, tecnologia e informação vem de um grupo enorme de pessoas.

Então, quando alguém do grupo para de contribuir, todos sofrem juntos.
Tá, lindo, e o que eu faço com essa informação?
Não sei.
Não sei se alguém sabe, mas o que eu sei, é que sozinho não se faz nada hoje em dia.
Mas como profissional da saúde, eu lhe digo e lhe peço:
Pense, e veja como funciona a comunidade a sua volta.
Pense e reflita como pessoas dependem do seu trabalho, e vice-versa.
Pense e analise, como pode fazer o bem na sua comunidade, apenas vivendo de outra maneira.
Se você pode, doe comida, dinheiro ou roupa, procure entender o que pode estar faltando para pessoas na sua comunidade.
Converse e faça parte, escute e seja membro ativo, pois é apenas participando e interagindo, que uma comunidade é saudável
A saúde mental hoje é sempre tópico de qualquer profissional da saúde hoje em dia.
Mas ninguém fala que a ausência de contato comunitário é grande causa desse problema.
Saiba que ajudar também é remédio para as próprias doenças.
*Este texto foi escrito antes do dia 21 de junho e antes da determinação do prefeito Marchezan de fechar os serviços não essenciais. Acreditamos na prevenção da transmissão de mais casos do Covid-19, e gostaríamos de salientar que podemos continuar ajudando nossa comunidade sem expor ninguém a riscos.
